30 de junho de 2008

actualização II

As últimas pinturas que fiz, na casa da Sofia. Acompanhada de uma cachorrinha de 45 kg e de uma gata adulta em estado de alerta e que me chamava nomes com os olhos, pintei devagarinho, tentando combater este cansaço que está quase a atingir o limite. Pintar devagarinho é muito muito bom. Vejo os meus bonecos-filhos tomarem forma na textura das paredes. E dou-lhes beijinhos com o pincel. Pintei os meus bichinhos que brincam nas nuvens antes de adormecerem e uma fada-bailarina, por cima da secretária duma fada-bailarina a sério, a J.




No fim tive direito a jantar de amigos (como nunca o disse aqui, digo agora que tenho os melhores clientes do MONDÓ!), fizemos uma meia-surpresa à Lena, comemos e rimos e a Sofia fez um bolo inspirado nos bordados de Viana e deu-MÓ!!! Obrigada por tudo querida, e parabéns por estares a ficar tão famosa!

No regresso a Viana, na manhã seguinte ao concerto maravilhoso de mais de duas horas do meu amado Jack Johnson, o meu estômago virou-se do avesso. Tive uma luta dramática e alucinante com o vómito, que terminou comigo ajoelhada e cara a cara com a sanita da estação. Seguiram-se enjoos, febre e dores horríveis no corpo todo. Cama, cama e cama. Desidratação total porque eu transpiro a ponto de deixar o meu novo penteado fashion num estado tal que agora lamento não o ter fotografado. Agora já sei como envenenar alguém: iogurte estragado pelo calor.

A vida continua na pacata Viana City. Apesar de eu ainda ter algumas dores e tonturas, ando a estudar as propostas milionárias que o meu sistema digestivo tem recebido, devido à sua magnífica produção de gás NATural.

actualização I

Fotos da cidade torta que fiz há quase um mês. Cá estão!





... as notícias prosseguem dentro de momentos.

29 de junho de 2008

as fotos: depois e antes




Só pela graçola de pôr a menina de baixo com inveja da menina de cima.

26 de junho de 2008

o cogumelo venenoso e suicida

Pronto, hoje sentei-me finalmente em frente ao computador. O último post foi uma descarga de ódio que muito me aliviou. Obrigada por todos os comentários de parabéns e de força para suportar aquilo que tinha em cima da cabeça.

De facto não sei se os cabeleireiros são um problema mas, meus amigos, os prepotentes são. E como em todas as profissões, há cabeleireiros prepotentes (embora eu continue a achar que ser surdo é requisito para se ser cabeleireiro). Aquela que me fez aquilo, não sei se estaria num dia não, não sei se é de ser a dona, não sei se tinha razão, mas: NÃO ME INTERESSA. Transformou-me num cogumelo que bloga e, acho que se soubesse que eu sou um cogumelo-que-bloga-venenoso, não arriscaria como arriscou ver aqui o nome e morada do seu salão.

Adiante.
Estou em Lisboa. Vim pintar e ver o Jack. Está um calor que não se puóde. O meu sotaque minhoto esbate-se com o passar dos dias.
Marquei um corte de cabelo salva-vidas no WIP-Hairport, um salão já famoso e pelos melhores motivos. Um salão na baixa de Lisboa, onde eu me perdi a bem perder, ao fim de um dia de trabalho. O corte estava marcado para as oito da noite e eu, como sempre, antecipei-me para chegar cedo e dar calmamente com o sítio. Quando saí da estação do metro, abriu-se um novo mundo diante dos meus olhinhos de menina da aldeia. Tanta gente. Tanta agitação e tudo a pé, e cores e casas lindas e os eléctricos, meu deus os eléctricos que lindos quero andar de eléctrico por favor! Desejei muito viver ali.
Super confiante e com meia hora para procurar a Rua da Bica, passeei calmamente na direcção contrária. Quando vi aquilo que me parecia ser o Rossio, desconfiei que se calhar estaria perdida. Socorreram-me polícias, seguranças de lojas, um casal gay, o dono dum café e mais uma série de gente de quem devo estar a esquecer-me, pois nos momentos seguintes entrei no modo pânico-oh-meu-deus-são-oito-menos-dez-f*d*-se! Foi então que liguei para o cabeleireiro e fui salva pela simpática Inês, que em poucos minutos me explicou como lá chegar(!).
Lá cheguei, encharcada em suor e com as belas rosetas de minhota (felizmente sem buço). Eram oito horas e às oito horas a minha cabeleireira estava à minha espera. Perfeito.
Sentou-me na cadeira e perguntou-me o que queria. Eu não me atrevi a dizer a palavra cogumelo, apesar de ela ecoar na minha cabeça, pois a cabeleireira tinha um corte de cabelo igual ao meu, embora nela não ficasse redondo nem ridículo. Ficava mesmo bem. Contei-lhe do meu drama e tentei explicar-me com gestos e com estas minhas descrições absurdas o que queria. Foi então que ela foi buscar um catálogo cheio de fotografias de cortes de cabelo, sentou-se ao meu lado duma maneira que me lembrou da minha mãe e começou a folhear. Depois duma conversa em que eu fui ouvida e compreendida (sim! ouvida e compreendida!), chegámos a acordo e pude então ir lavar o cabelo. E foi aí que eu ganhei o dia. Caí na única cadeira de lavar o cabelo confortável do mundo! Do MONDÓ! Chegou um anjinho que me disse olá e assim que me tocou eu morri e fui para o céu. Quando achei que pentearem-me o cabelo enquanto o amaciador faz efeito era a segunda melhor coisa do mundo, a menina começou uma massagem erotico-crânio-encefálica. E uns bons minutos depois, eu, que nem sabia que o couro cabeludo podia ter orgasmos, levantei-me daquela cadeira com muita dificuldade, para finalmente cortar o cabelo.

Lembrei-me dos tempos da faculdade e dos meus colegas de escultura. A Birgit esculpiu o meu cabelo, centímetro a centímetro. Cuidadosamente e sem desviar os olhos do que estava a fazer. E no fim, eu estava mesmo como queria e vim para casa mesmo muito contente.

Só por uma vez antes desta é que fui tratada assim por um cabeleireiro. Foi no Anjos Urbanos, no Porto. Eu sempre achei que fazia todo o sentido o cabeleireiro ver e manusear o cabelo seco, antes de o cortar, mas também sempre achei que não devia armar-me em espertinha com alguém que tem tesouras e navalhas nos bolsos e que pode transformar-nos em cogumelo. Mas pronto, o tormento acabou e agora vou ver o Jack Johnson. Biba!

23 de junho de 2008

natureza fantástica: cogumelo que bloga

No meu aniversário permiti-me não fazer nada. Peguei no postal fofinho com dinheiro que a minha avó me ofereceu e fui à cabeleireira boa de Viana. Pontual. Eu. O que é que eu não faço para chegar a horas ao que quer que seja? Mesmo quando sei que vou esperar. Fui. Estava marcado para as duas, o meu corte de cabelo na super-cabeleireira-mas-com-ela-mesmo-e-não-com-uma-ajudante. Esperei um pouco. Como tinha duas pessoas à frente, lavaram-me o cabelo em cerca de vinte minutos. Não sem antes me ser dito que o meu cabelo estava seco e com pouco brilho (Quê? O meu cabelo oleoso? Quê, este cabelo farto e brilhante? Hum. Se a senhora o diz... eu cá não falo cabeleirês mas já sei que aí vem champô especial para cabelos fraquinhos e sequinhos coitadinhos e marcham mais uns três eurinhos, mas que se lixe, eu faço anos.). "E gosta desta cor com reflexo vermelho é?" (Até nem desgosto desse loiro escuro mas o importante é não avistar cabelos brancos...) - Hum hum... Eu de olho na pontualidade da cabeleireira-mor, eu e o meu mau feitio. Lá fui para a cadeira. Esperar. Quarenta minutos depois da hora marcada, o meu cabelo estava finalmente prestes a ficar fantástico. Mas em vez disso, o meu cabelo estava com um corte horrível, porque "a menina tem uma cara grande e com o cabelo assim volumoso fica tudo grande!" e também tenho cabelo demais e realmente "não havia ponta por onde se pegar neste meu cabelo e realmente este corte que lhe fizeram foi mesmo uma aventura e isto (a minha meia franja comprida, catada com desprezo por dois dedos como se estivesse imunda), o que é que isto está aqui a fazer??? Está a fazer feio!".
Ri-me. Acreditei que apesar daquela fúria contra o meu cabelo, ela era uma boa pessoa e nem todas as pessoas têm de ser simpáticas para serem boas. Pedi apenas um corte leve e que não precisasse de secador e escova para ficar bem. Fui interrompida para ouvir e engolir o que seria melhor para mim e para o meu cabelo. Pegou na navalha e começou a cortar a cortar a cortar, enquanto olhava para o que estava a ser feito à cliente da cadeira ao lado, e para a revista que ela estava a ler e, subtilmente foi tirando uns bons oito centímetros às pontas mais compridas do meu antigo penteado, como se eu não tivesse olhos na cara. Depois chamou uma menina amorosa para me secar o cabelo "esticadinho esticadinho coladinho à cabeça". E foi-se. Acabou assim o meu contacto com a super-cabeleireira.
E fico-me por aqui. O meu único pedido foi simplesmente ignorado. Paguei à menina amorosa e ainda olhei para a chefona e ainda disse adeus boa tarde obrigada mas ela nem olhou. Garantiu-me um resto de dia muito mal humorado. Clonei o humor dela. Um clone com cabeça de cogumelo, porque fui a casa molhar o cabelo e dar-lhe uma secadela para ver o que acontecia. E tal como previ, o cabelo ficou este capacete que está agora. Desde sexta-feira que evito espelhos. E quando me vejo só me saem insultos boca fora. Aliás, só me sai uma curta palavra de duas sílabas.
Não faz mal, é só cabelo. Não faz mal, cresce depressa. Mas pelo sim pelo não, amanhã vou a outro cabeleireiro.

Continua...

20 de junho de 2008

26


Pretendia filosofar, hoje, sobre o que fiz ao longo da vida e como sinto que o tempo me foge e que ainda não fiz nada. Mas encontro-me constipada e de mantinha às costas. Tenho metade da cabeça entupida. Ouvido direito, narina direita, até só meia garganta me dói. Ontem o antigripe fez um efeito qualquer com a cocacola que bebíamos enquanto víamos o jogo de futebol e fiquei bêbeda. Desatei à gargalhada e disse coisas proibidas, daquelas que só mesmo em casa e acompanhada de um brasileiro e uma portuguesa pouco adepta de futebol se podem dizer ("Oh não sinto nada. Eles chegam-se ali à baliza e eu não sinto nada... o quê foi golo outra vez? Ahahahahaha! ... O quê três um? Ahahahahahaha! ... Olha aquilo foi falta! Se eu fosse o árbitro expulsava o Deco! ... Resta-nos agora torcer pelo Brasil. Ahahahahahahaha!").

Estou a pagar caro por ser má. Dormi muito mal. Não tenho paladar. E não sei o que se passa com a minha memória, mas já me valeu umas gargalhadas com a Nhocas no msn. Será que caí na velhice de que tanto falo? Não sinto nada. Bendito antigripe. Ehehehe...


PS: Lembrei-me agora!!!

Parabéns Twin!!!!
Parabéns Fernanda!!!!

18 de junho de 2008

o paraíso num frasco de tofu


Hoje em dia já não vou pintar um quarto sem levar comigo uma destas canetas, as minhas amadas Bic bic bic.
Porém, e apesar de me orgulhar de ter descoberto sozinha que são óptimas para desenhar em paredes, sou especialista em perdê-las, cá em casa.
Numa das últimas vezes em que fui pintar a Lisboa, só na véspera vi que tinha perdido a última. Entrei logo em pânico e pedi à mi primi que me comprasse uma, pois eu não teria tempo (eu nunca tenho tempo nunca tenho tempo nunca tenho tempo e gasto demasiado tempo a dizer que não tenho tempo - eu sofro de cronofobia) de comprar antes de ir pintar. E lá foi ela, com o recado muito bem decorado: Tem de ser Bic e somente Bic e tem de ser preta e cristal porque não pode ser laranja!. Durante a sua busca deixou um amigo que a acompanhava (olá Rui!) muito intrigado. Para o Rui seria tão fácil arranjar um monte de canetas bic, que nunca se lhe tinha posto essa questão a que eu chamo pânico-bic-bic-bic (já mereço um patrocínio a esta hora). E foi por isso mesmo que, dias depois, apareceu à Rité com uma caixa de vinte (VINTE) bics, só para mim. Acho que se a mi primi não me tivesse preparado para o presente, eu teria chorado quando as vi todas juntas.

Rui, este vídeo é para ti.

17 de junho de 2008

ora 2,6 arredondando dá 3

"Oh Di, já somos adultas?" - perguntei-lhe, atormentada, via msn. Ela respondeu imediatamente "Não!" e eu fiquei mais aliviada.

Estou presa neste corpo de adulto. O meu corpo mede o tempo que passa por ele melhor que o da minha mãe mede o que passa por ela. (Será que a minha mãe está avariada?) O meu corpo quer à força ter coisas que só me lembro de ver em velhinhas, como cabelos brancos e veias roxas e gorduras penduradas. Das rugas até gosto, porque assim, mesmo séria, vê-se bem o que andei a fazer com a cara: rir.

Quando fiz 10 anos, a avó de uma amiga minha disse-me "Já lá vai uma década!" e aquilo não me agradou. Soou-me como quando me perguntam a idade e eu respondo, muito pouco convicta, vinte e cinco. Parece mentira. Mas é só por ser comigo! A idade dos outros não me atrapalha nada. Nem sequer penso na idade dos outros, até porque estou demasiado concentrada na minha, como se vê. Dentro de mim sou pequena. É só isto que quero dizer. Sou pequenina e tenho tanto peito como um rapazinho. Acho que ter trinta anos é igual a ter oitenta, ou quarenta. Desde que não seja em mim, se faz favor.

15 de junho de 2008

como um bichinho

Ali estávamos: eu, a minha mãe e a Mimi. O silêncio do campo não se compara a nenhum outro silêncio. Sente-se vida em tudo. As folhas crescem, os bichos movem-se, a horta espalha-se em ervinhas intrusas. No campo há que ter cuidado, porque onde quer que nos sentemos, pode habitar alguém.
A ameixoeira carregadinha. Comi tantas ameixas, comi-as a uns segundos dos ramos onde viviam, só o tempo de as polir. Os passarinhos comem-nas nos ramos. Se eu fosse passarinho voava até a uma árvore de chocolate, sentava-me num ramo e comia sem precisar de recolher, de descascar, de nada. Comia até ficar cheia e depois voava.
Na horta estava uma floresta de couves-galegas. Como já tinham os pés bem altos, fiz-me de Alice e meti-me por ali adentro. O sol estava tão quente e as sombras tão bem definidas.
A Mimi corre como um galgo e salta como uma cabrita. E ri-se de tudo.
Os pés de maracujá lançam bracinhos em busca de onde se agarrarem e isso comove-me. Ultimamente ando assim. Presa neste corpo grande. Ontem olhei pela janela, ao fim do dia e o céu estava de todas as cores. Vi nitidamente que a Terra é redonda, pequena e que eu estou presa a ela pelos meus calcanhares. A Gravidade não perdoa a quem tem excesso de peso.
Hoje, mais do que nunca, desejo ser bichinho e ver o mundo grande. E viver só porque viver é bom.

11 de junho de 2008

ao perto e ao longe


Enquanto não trato as restantes imagens, aqui ficam este bocadinho da última cidade torta e a vista panorâmica, montada com quatro fotografias.

9 de junho de 2008

coisas de lisboa

Lisboa tem jacarandás.

A Ivete Sangalo é linda e canta e dança.

Os meus super-mega-óculos permitiram-me reconhecer o Rui Unas a mais de vinte metros (sou mesmo da aldeia não sou?).

A Amy Winehouse foi uma desilusão. Aplaudiu-se a autodestruição e o desperdício de um enorme talento. E eu que sou contra manifestações de violência e destruição, fiquei ali em pé, sem saber se ria ou chorava, a pôr tudo em causa com as minhas questões profundas, enquanto a cantora tentava manter-se em pé e os milhares de pessoas cantavam por ela. Muito muito triste. Eu valorizo quem tem talento mas valorizo ainda mais quem tem talento e o trabalha e se empenha e transpira e é profissional e respeita quem aposta nesse talento. No fundo esperava que a organização do Rock in Rio pensasse assim também.

A Ana e a família receberam-me tão bem. Levaram-me a Sintra e ofereceram-me um montão de travesseiros. Obrigada... (já disse que só tenho clientes amorosos?)

Lisboa tem muita gente de todas as cores e feitios. Tem comboios e metros que nunca mais acabam e uma agitação no ar. Imagino-me a viver em Lisboa. Depois vejo quantos apartamentos podia alugar em Viana com a renda dum em Lisboa. E pronto.

6 de junho de 2008

voem meméeeeeeeeeeees

Continuo muito cansada. Aos pouquinhos vou contando as novidades de Lisboa.
Um dia, na viagem de regresso a casa, vi o pôr do sol e as nuvens tão redondas e cor-de-rosa deram-me uma vontade de voar para fora da janela da comboio, deixar a mala do material para trás e deitar-me em cima de uma. Como os meus cordeirinhos.



Nas Três Marias tem um parzinho deles. Estes foram para um bebé que está quase a nascer. :)

três marias atelier


A partir de agora as minhas pinturas estarão à venda nesta linda lojinha, em Lisboa. Passem por lá para ver esta pintura e ainda outra ao vivo e, quem sabe, comprar alguma coisa à dona da loja, a Sandra, que é uma simpatia e que entre outras coisas, pinta uns móveis amorosos à mão.

Três Marias Atelier
Rua Prof. Moisés Amzalak
nº 12 B
Telheiras (pertinho do antigo Carrefour, agora Continente)

clicar no mapa para ampliar

5 de junho de 2008